Resenha Guaru Metal Fest 2017 - Internacional Eventos

Resenha: Victor Hugo
Fotos: Victor Hugo e Kel Commim

A segunda parte do Guaru Metal Fest prometia. Afinal, seria a primeira vez no Brasil da lenda britânica Tysondog. O line up deste ano, que, por sinal, estava espetacular, ainda incluía o poderoso Anvil, além das brasileiras Anthares, Vírus e mais seis ótimas bandas nacionais, seguindo a tradição do festival de apoio à cena local. A primeira parte, realizada duas semanas antes, já havia superado as expectativas. A parte final tinha tudo para ser tão boa quanto. A rádio Exmera esteve lá e aqui está o relato.
Por volta de sete da noite, os paulistanos do Metaltex subiram ao palco para dar início ao segundo dia de festival. A banda, formada por Metaluciofer (vocal), Rock’n’Rafa (baixo), Mercyful Walber (guitarra) e Under Jolly Lucas (bateria), executou as músicas do ep, spikes and leather. Set curto, porém empolgante.


Após o Metaltex, uma assombrosa apresentação do Arautos do Caos. Uma sequência de riffs infernais, cortesia do guitarrista Marcio, muito bem preenchidos pelo vocal marcante de Alan Bianco, que já havia mostrado seu potencial na osasquense Conquistadores. Daniel Alves (bateria) e Adiel (baixo) completam a formação de uma das grandes promessas do cenário nacional.


O Vírus subiu ao palco com o jogo ganho, tamanha a devoção dos fãs. Fernando “Blackmore” mostrou porque é considerado um dos maiores guitarristas brasileiros em atividade. Além de Fernando, o Vírus conta ainda com Flávio Ferb (vocal), Renato (guitarra), Guilherme Tatu (baixo) e Lúcio Del Ciello (bateria). Destaque para a sensacional “Batalha no Setor Antares”.


Prestada a justa reverência ao Vírus, era hora de engatar a quinta marcha e acelerar a 300 por hora com os maníacos do Em Ruínas. A banda está comemorando quinze anos na ativa. Para celebrar, reuniram a primeira formação, que conta com Igor Lopes, na guitarra e vocal, Adelfe “Zóio” Junior, no baixo, e Alt, na bateria. Speed Metal de primeira qualidade e dedicação total à cultura Headbanger.


Fim da exibição assassina do Em Ruínas, assistiríamos a uma vertente um pouco mais melódica do Metal, mas não menos interessante. Era a estreia, em palcos, do compositor Yuri Fulone. Para acompanhá-lo, convidou os músicos do Liar Symphony, Pedro Esteves (guitarra), Marcos Brandão (baixo), Anderson Alarça (bateria), e o ótimo vocalista Nuno Monteiro. O repertório contou com músicas próprias e uma sensacional versão de “Battle Hymns”, do Manowar. Essa última acompanhada em coro pelo público.



A apresentação dos paulistanos do Anthares era um dos momentos mais aguardados da noite. Primeiro, porque os shows dos caras costumam ser sempre matadores. Segundo, porque o clássico “No Limite da Força” está completando 30 anos e a banda tocaria o disco na íntegra. Assim, quando Pardal (baixo), Evandro Junior (bateria), Topera e Maurício (guitarras) e Diego Nogueira (vocal) subiram ao palco, o lugar veio abaixo tamanha a energia que tomou conta do local. O setlist, repleto de clássicos do Thrash mundial, fez do show do Anthares um dos grandes momentos da noite.  





Já passava das duas da manhã quando os paranaenses do Dominus Praelii subiram ao palco. Formada por Renê Warrior (baixo), Silvio Rocha e Erick Elenssar (guitarras), Helmut Quacken (bateria) e Jorge Bermudaz (vocal), a banda apresentou seu honesto Heavy/ Power Metal repleto de referências a batalhas e temas épicos. A surpresa ficou por conta da participação do vocalista Ricardo Pigatto, que havia cantado nos dois primeiros álbuns. 




Havia chegada a hora de um dos grandes nomes do Metal oitentista, o Anvil, subir ao palco do Guaru.  Quer dizer, “subir” é modo de dizer, já que Lips fez justamente o contrário. Desceu do palco e iniciou o show ali mesmo, no meio do público. O cara é um showman e sabe entreter como poucos. Mais discreto, mas não menos importante, Rob Reinner conduziu tudo com um ritmo frenético e preciso. Puta batera! O baixista, Chris Robertson, fez bem o feijão com arroz e, sabiamente, deixou para os outros dois, o protagonismo da noite. E que noite!  “March of the crabs”, “666” e “Oooh baby” emocionaram muitos presentes. Não, não é força de expressão. Testemunhei vários tiozões cantando as letras com os olhos marejados. Gente como Mazuca, de 52 anos, fã do Anvil desde 84, e que só agora estava tendo a oportunidade de vê-los ao vivo. Comovente! Emocionante, também, presenciar Marcos Braglia, o Marcão Metal, portador de Ela (Esclerose Lateral Amiotrófica), acompanhar todas as bandas da frente do palco, em sua cadeira de rodas. Sentimento sincero, genuíno. A propósito, a homenagem de Lips “ao seu velho amigo Lemmy”, durante “Free as the Wind”, foi outro momento tocante do show. Lips disse ainda que, em 83, foi convidado para tocar no Motörhead, mas recusou para seguir com o Anvil. Isso é o que eu chamo de acreditar em si mesmo. Ainda havia tempo para “Mothra”, “Swing Thing”, além de um final matador com “Metal on Metal”. Foi ótimo ver o Anvil sendo aclamado pelos fãs. Parece piegas, mas é como se fosse uma recompensa por não terem desistido de ser quem são. Em determinado momento do show, Lips disse uma frase que, a princípio, passou despercebida, mas que, naquele contexto, fez todo sentido e, de certa forma, resumiu bem aquela noite. Ele disse algo como “envelhecer, ok, não temos escolha; amadurecer, nunca!” Indeed!






A ansiedade era grande para a apresentação do Tysondog. Enfim, teríamos a oportunidade de ver o mito de Newcastle em ação. Antes, porém, um adendo: como são humildes estes caras. Zero de ego ou afetação. Em vez de ficarem em seus camarins (o que seria normal), preferiram circular entre os presentes, sempre dispostos a tirar uma foto ou dar um autógrafo.

A ansiedade foi desfeita quando os primeiros acordes de “The Inquisitor” soaram. Resposta imediata do público. A partir daí o que se viu foi uma verdadeira celebração entre banda e fãs. Quem esperava um bando de tiozões decrépitos se enganou redondamente. Tiozões, sim, mas nada de marasmo. Quem esteve no Guaru presenciou uma apresentação incendiária. A vitalidade de Steve Morrison (guitarra), Phil Brewis (bateria) e, principalmente, de Kevin Wynn (baixo), Paul Burdis (guitarra) e Clutch Carruthers (vocal) é impressionante. Prosseguiram com “Don’t Let the Bastards (Grind You Down)”, “Blood Money” e “Dead Meat”. Um dos muitos pontos altos do show ocorreu durante a arrebatadora “Hammerhead” (quem, para mim, deveria ter fechado), com publico e banda numa interação perfeita. Aliás, a sintonia entre fãs e banda contribuiu, e muito, para que essa apresentação ficasse na memória de todos. Vieram, então, “Dog Soldiers”, “Painted Heroes”, “Shadow of the Beast” e “Taste the Hate”, para delírio geral. O bis foi com “Demon”, do sensacional Beware of the Dog. Heavy Metal em estado bruto.




Ainda havia tempo para o Warsickness, banda Thrash de Itapevi. Ótimos riffs e uma intensidade impressionante, infelizmente, presenciada por poucos, visto que boa parte do público já havia deixado o local. Mesmo assim, encerraram o festival com coragem e profissionalismo. 



Não posso encerrar sem antes destacar a grandiosidade do evento. Foram, ao todo, 23 bandas, de Metal, divididas em dois dias de festival. Um feito e tanto ainda mais em um país onde festivais ditos de rock escalam artistas que pouco ou nada têm a ver com o gênero. Méritos para a incansável Andressa Castelhano, a popular Deca, e sua equipe, que conseguiram realizar a façanha com extrema competência e profissionalismo. Parabéns a todos os envolvidos e vida longa ao Guaru! 


Anvil Setlist:
March of the Crabs
666
Oohh Baby!
Badass Rock’n’Roll
Winged Assassins
Free as the Wind
On fire
This is Thirteen
Mothra
Swing Thing 
Metal on Metal


Tysondog Setlist:
The Inquisitor
Don’t Let the Bastards (grind you down)
Blood Money
Dead Meat
Into the Void
Hammerhead
Dog Soldiers
Painted Heroes
Shadow of the Beast
Taste the Hate
Demon

Postagem: Leo Wacken

Um comentário:

  1. Líbia Brígido06/10/2017, 10:45

    Guaru Metal Fest foi o melhor festival de Metal que presenciei. Espero que na próxima eu esteja lá.
    Foi de arrepiar ler e lembrar novamente da experiência.

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