MALEFACTOR 25 ANOS Novos caminhos – Velhas batalhas


HAIL!

Saudações a todos que nos acompanham nessa trajetória metálica. Desde 1991 o Malefactor firmou-se como uma das bandas mais batalhadoras e unidas nessa cena underground nacional.

Depois de mais de duas décadas, estamos passando por uma mudança ampla, visando recomeçar nossa luta, mas com o resgate de velhas bandeiras sonoras.
Após intensa reflexão, três músicos (Lord Vlad, Jafet Amoêdo e Danilo Coimbra), decidiram que precisávamos dar um passo além e sentimos que nosso irmão Alexandre Deminco precisava seguir outra trajetória. Não houve desgaste da amizade de nossa parte, muito pelo contrário, sempre será um aliado e bem vindo, caso assim deseje. Irmãos também se desentendem e se afastam, mas nosso caso, vimos que as atribulações do cotidiano fizeram com que nosso irmão não tivesse mais tempo para se dedicar de corpo e alma à banda, prejudicando muitas vezes sua performance como músico. A mais de dois anos que temos enormes problemas para até mesmo marcar um ensaio. Tínhamos músicos que trabalham/vivem fora de Salvador e a banda foi sendo jogada a segundo, terceiro plano e todos temos parcelas de culpa neste ponto. Estávamos caminhando para o final do Malefactor. Esta é a verdade absoluta.

Vínhamos pensando só e somente na manutenção de nossas amizades, sendo que quase não nos vemos ou nos falávamos, e o sonho de  tocar metal, que começou nas nossas vidas na década de 80 e se concretizou em 1991 com o nascimento do Malefactor, foi virando um hobby despretensioso e sem a devida empolgação.

Comunicamos os outros três músicos (Alexandre, Roberto Souza e Chris Macchi) da decisão de tentarmos continuar com um novo baterista, mas foram contra e sempre fomos uma democracia. Óbvio que um músico não vota sua permanência ou sua saída de uma banda, ele argumenta. Mas já havia chegado ao ponto de pensarmos em dissolver a banda para não causar mágoa a nosso irmão. Depois de muita conversa e tristeza, tomamos a decisão. Para nossa surpresa (embora estivéssemos conversando com os outros dois e já sentíssemos que também não podiam oferecer o mesmo comprometimento de antes) Roberto e Chris decidiram também sair do Malefactor.

Roberto deu suas justificativas, mas disse sentir-se mal com a forma como conduzimos o processo. Roberto mora fora, não usa redes sociais ou whatsapp e fica difícil explicar como chegamos a este ponto. Não os vemos como amigos de bar, e sim como irmãos. Mas como dito antes, irmãos também discordam e se afastam. Queremos que este afastamento seja somente musical, em relação ao Malefactor.

Somos todos adultos e temos um profundo respeito por todos os ex-músicos, não existe um só ex-membro do Malefactor brigado ou sem contato conosco. O que não faltam são exemplos. Em quase 25 anos tivemos em nossa line up vários metalheads que ainda estão na ativa com outros grupos, e que perceberam que seus afastamentos (alguns por vontade própria como Roberto e Chris) foram melhor para que o Malefactor continuasse vivo.

Muitos abandonariam o barco, é muito mais fácil. E com certeza aparecerão outros querendo fazer parte da família, mas decidimos tomar uma decisão ainda mais radical e não teremos (até segunda ordem) músicos novos no Malefactor. Seremos só nós três com um baterista contratado e com os teclados sampleados e bastante diminuídos. Vamos voltar à épocas bem antigas onde nosso som era mais agressivo e centrado nas guitarras.

Alguns irão ficar tendo devaneios de briga, desunião...nunca jogamos sujo. Se este fosse o caso, não estaríamos aqui defendendo o nome de nossos irmãos e dizendo abertamente. Foi uma necessidade de sobrevivência. Não foi um capricho, disputa de ego ou idiotices que permeiam nossa cena. Precisávamos recomeçar tendo a música extrema como nosso norte. Toda banda real deve ser fortalecida em amizade, mas não pode comprometer a qualidade musical que nos fez angariar admiradores pelo país. Que nos levou a ter cinco discos lançados. Que nos levou a conhecer metade do Brasil tocando em todo tipo de estrutura, das piores às melhores. Que nos fez tocar no maior festival do mundo.  Demoraram anos para que percebêssemos que a amizade é muito, mas não pode ser tudo. Estamos fazendo arte profana. Fazendo música metalizada. Não podemos oferecer menos do que nosso máximo à estas pessoas que nos deram suporte por quase 25 anos. É uma questão de respeito com o público nos shows. Respeito com as gravadoras que nos ajudam. Com os produtores que nos contratam. Um respeito ao sonho de adolescente. No metal, não basta sonhar, tem que trabalhar duro. E a vida e suas merdas capitalistas estavam nos levando ao abandono deste sonho. Ele renasce agora.

Tivemos que repensar tudo, pois já estávamos em processo de gravação do sexto disco e iremos perder parte do trabalho. Mas podem apostar, será nosso disco mais forte. É um resgate de nós mesmos enquanto banda.

Pedimos publicamente desculpas a nosso irmão Alexandre “Alemão” Deminco, por não termos tido a sensibilidade de sabermos como expor nossas idéias da forma que seria menos traumático. Não existe fórmula para um momento destes. Você merece muito mais do que tocar conosco. Nosso respeito e admiração por você vai muito além de ensaios, viagens e palcos.  Não nos deseje mal irmão. Você é e sempre será parte de nossas vidas. Dissemos e repetimos. Você era o melhor de nós em paciência. Isso não é um adeus a nossa amizade e irmandade. O tempo irá provar se estávamos certos ou errados. Mesmo que estejamos certos, pedimos desculpas novamente por não sabermos falar da forma mais adequada. E ainda não sabemos.  

Roberto e Chris: sabemos que mesmo sem tempo e dedicação necessária (segundo vocês mesmos), o que pesou na decisão de vocês foi o fato de estarem convictos que as coisas deviam continuar como estavam. Que a amizade tem que reger nossa banda. Reafirmando, a amizade é um componente vital, mas ela não sustenta sozinha um projeto. Em área alguma. Piorou a musical. Talvez vocês achem que seria a hora de pararmos. No que depender de nós, virão mais 25 anos. Acreditem, iremos tentar com todas as nossas forças. Desejamos TUDO de melhor na vida de vocês como músicos e nas suas carreiras profissionais. Nada, nada de ruim passa nas nossas cabeças e entendemos perfeitamente a posição de vocês. Vocês fizeram uma escolha, assim como nós três fizemos outra. Estamos tristes também irmãos, e talvez houvesse uma forma de contornar as coisas se tivéssemos cuidado disso anos atrás. Não foi por falta de tentativa. Foi omissão dos seis. Foram dez anos desta formação. Dez anos de luta, diversão, oportunidades. Não nos desejem derrota. Porque só desejaremos vitórias a vocês. Hoje e sempre.

Um grande HAIL a todos que continuarão a nos apoiar. Aos que nos criticam de forma respeitosa, muito obrigado. Será nosso combustível para melhorarmos cada vez mais.

Nos vemos pela estrada das almas em chamas.
STAY EVIL !!!!

Lord Vlad, Jafet Amoêdo, Danilo Coimbra
25 de Agosto de 2016

Postagem: Leo Wacken

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